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Dólar cai com conflito Irã e Israel e preço do petróleo no radar

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/06/2025 09h13Atualizada em 23/06/2025 20h19

O dólar caiu na primeira sessão após o ataque dos Estados Unidos contra usinas nucleares do Irã e a amplificação das ameaças de fechamento do Estreito de Ormuz. A moeda norte-americana recuou 0,40% e fechou o dia a por R$ 5,503. O preço do barril de petróleo também está caindo.

O que aconteceu

Dólar comercial apresenta desvalorização. O movimento reverte a trajetória observada nos últimos três pregões, quando a divisa subiu e superou novamente a barreira de R$ 5,50.

Moeda dos EUA recuou 0,32% na semana passada. A variação negativa representou a terceira queda semanal consecutiva do dólar em relação ao real. A baixa foi registrada mesmo com o avanço acumulado de 0,48% da divisa nos últimos três pregões.

Bolsa de Valores amplia as perdas. O Ibovespa recuou 0,64% às 17h. Com a variação negativa, o principal índice do mercado acionário brasileiro figura aos 136.239,09 pontos. O volume financeiro da sessão superou os R$ 12,8 bilhões.

Guerra no Oriente Médio

EUA entram no conflito contra o Irã. O ataque a três usinas nucleares iranianas no último sábado marcou o ingresso dos norte-americanos na ofensiva iniciada por Israel no último dia 13. A escalada do conflito é recebida com preocupação diante da possibilidade de ingresso de outras potências militares no confronto.

Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz. Após a ofensiva dos EUA, o parlamento do país alvejado aprovou o bloqueio da rota responsável pela distribuição de mais de 20% do petróleo mundial. Estimativas apontam que o corredor marítimo mais importante do mundo é responsável pelo transporte diário de cerca de 20 milhões de barris de petróleo bruto, condensado e outros combustíveis.

Bloqueio efetivo ainda depende de novas aprovações. A suspensão do trânsito pela rota estratégica entre o Irã e Omã ainda precisa do aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. "Se o fechamento de fato acontecer, é mais um motivo para os EUA não pararem os ataques", prevê Alison Correia, analista da Dom Investimentos.

Preço do barril de petróleo desaba cerca de 8%. Diante do possível fechamento do Estreito de Ormuz, o valor futuro do barril de 159 litros do Brent, referência internacional para o combustível, cai e aparece negociado a US$ 69.

Ofensiva contra os EUA derrubam preço do petróleo. Os mísseis direcionados às bases militares norte-americanas no Iraque e no Qatar são classificadas como a motivação para a inversão de sinais e forte queda do combustível. "O petróleo passou a cair na expectativa de que os Estados Unidos entrem com mais força na guerra e o Estreito de Ormuz não seja fechado", avalia João Alfredo Nyegray, professor de Negócios Internacionais da PUC-PR.

Apostas apontam para o esfriamento do confronto. Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, avalia que as baixas variações do mercado financeiro indicam as expectativas de "apaziguamento do conflito" no Irã. "O mercado não precifica esse cenário [de fechamento do Estreito de Ormuz]", analisa ela.

Efeito negativo sobre aliados enfraquece rumores. Omar Mitre, head de multimercados do ASA, explica que a China compra 90% do petróleo iraniano, o que inviabilizaria o bloqueio. "Acreditamos que a chance de esse evento ocorrer é baixa, dada a elevada dependência da economia do Irã das exportações de óleo, que ocorre quase na sua totalidade pelo Estreito", afirma.

Fechamento do estreito pode elevar o preço do barril para até US$ 130. A estimativa também aumenta a dificuldade para o transporte de plásticos, fertilizantes, produtos químicos, automóveis, maquinários e eletrônicos, pressionando cadeias produtivas globais.

A dúvida que paira é até onde vai o risco geopolítico antes que os bancos centrais sejam obrigados a recalibrar suas estratégias. As respostas começam a surgir nos próximos dias, e o mercado não costuma esperar sentado.
Diego Costa, head de câmbio da B&T XP

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