Ataques de Israel a instalações nucleares são crimes de guerra, diz Irã
O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, classificou os ataques de Israel às instalações nucleares iranianas como crime de guerra. Além do risco de vazamentos, ataques a esses locais são proibidos pela lei internacional, disse. A declaração foi dada hoje na sede da ONU em Genebra, na Suíça.
O que aconteceu
Araghchi afirmou que Israel cometeu um ''grave crime de guerra''. Segundo ele, há "perigo de catástrofe ambiental e de saúde, como resultado de vazamentos radiológicos'', acrescentou durante discurso, que teve início às 10h de Brasília.
Nossas instâncias nucleares pacíficas também foram alcançadas, apesar de serem monitoradas completamente pela Agência Internacional de Energia Atômica e apesar do fato de que os ataques a essas instâncias são absolutamente proibidos pela lei internacional. Abbas Araghchi
O chanceler falou que o Irã foi atacado no meio de um processo diplomático para discutir sobre o programa nuclear. De acordo com ele, uma reunião com os EUA estava marcada para o dia 15 de junho, que tinha como intenção criar um ''acordo muito promissor para a resolução pacífica dos problemas a respeito do nosso programa nuclear pacífico''.
Segundo o Direito Internacional Humanitário, as usinas nucleares devem ser protegidas durante um conflito armado. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha explica, em seu site, que a determinação se dá devido ao risco de liberação de radiação e graves consequências aos civis. Por isso, esse tipo de ataque pode ser enquadrado como um crime de guerra.
O ministro disse ainda que Israel violou Carta da ONU ao iniciar uma ofensiva na sexta-feira. Segundo ele, a violação seria do artigo 2 do parágrafo 4, que fala que todos os membros devem se abster da ameaça e do uso da força contra a integridade territorial e independência política de qualquer Estado.
Agora, esta nação de quase 100 milhões de habitantes, é sujeita a um ato de agressão desgraçado por um regime que tem cometido um genocídio horrível na Palestina nos últimos dois anos e que está ocupando as terras dos países vizinhos. Abbas Araghchi
Novos bombardeios
O exército israelense anunciou ter bombardeado hoje dezenas de alvos em Teerã. Entre eles, um centro de desenvolvimento do projeto de armas nucleares iraniano. O governo iraniano fez um apelo no X para que a população se retirasse dos arredores de uma zona industrial no norte do país antes de um "ataque contra uma infraestrutura militar".
Uma nova rodada de mísseis do Irã também foi lançada em direção ao território israelense. Testemunhas da Reuters ouviram explosões sobre Jerusalém e Tel Aviv. "Os sistemas defensivos estão trabalhando ativamente para interceptar a ameaça", disseram os militares.
Ao menos dois israelenses ficaram feridos nas ofensivas de hoje. O serviço de resgate de Israel informou que um adolescente, 16, e um homem, 54, está foram atingidos por estilhaços. O jovem está em estado grave.
Segundo Israel, um dos mísseis atingiu região perto de uma mesquita. ''O regime iraniano acaba de lançar uma barragem de mísseis balísticos contra Haifa, uma cidade onde judeus e árabes vivem lado a lado em paz'', escreveu no X.
Número de mortes já passa de 600, segundo balanço de ONG. Israel afirmou que pelo menos 24 pessoas foram mortas em ataques iranianos contra Israel. Pelo menos 639 pessoas foram mortas em ataques israelenses em todo o Irã, de acordo com o grupo Human Rights Activists, com sede em Washington. O Irã não divulgou números regulares de mortes durante os intensos ataques israelenses. Sua última atualização estimou o número de mortos em mais de 240 pessoas e 1.277 feridos.
Israel e Irã estão em conflito desde sexta-feira (13). Israel bombardeou Teerã, capital do Irã, e anunciou ataques a dezenas de instalações de mísseis no oeste do país alegando que queria "prevenir um holocausto nuclear". Israel, porém, é o único país que possui bombas nucleares no Oriente Médio.
* Com informações da RFI