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Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras com tombo do petróleo

23/06/2025 17h10

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, com Petrobras entre as maiores pressões negativas, em meio ao tombo do petróleo no exterior, uma vez que o aumento na tensão no Oriente Médio após ataques dos Estados Unidos ao Irã não afetou os fluxos da commodity na região.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,41%, a 136.550,5 pontos, após marcar 135.835,25 pontos na mínima e 137.130,13 pontos na máxima do dia. O volume financeiro no pregão somou R$20,48 bilhões.

Os EUA atacaram no fim de semana o Irã, com o presidente Donald Trump afirmando que o seu país "obliterou" as principais instalações nucleares daquele país. Teerã prometeu se defender e, nesta segunda-feira, disse que disparou mísseis contra uma base aérea norte-americana no Catar.

Trump afirmou que o Irã avisou os EUA antes de disparar os mísseis contra sua base militar o que, segundo ele, possibilitou que nenhuma vida fosse perdida. "Tenho o prazer de informar que NENHUM norte-americano foi ferido, e quase nenhum dano foi causado", afirmou em uma publicação no Truth Social.

Apesar da escalada militar, a ausência de medidas para interromper o tráfego de navios-tanque de petróleo e gás através do estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do suprimento global de petróleo bruto, evitou nova disparada dos preços da commodity no mercado internacional.

O barril de Brent chegou a subir mais cedo nesta segunda-feira, mas fechou com queda de 7,18%, a US$71,48, ampliando a queda após o ataque do Irã à base norte-americana. Mais cedo, Trump também recomendara a "todos" manter o preço do petróleo baixo.

Na visão da estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, a mudança nos preços sinalizou uma reavaliação do mercado, de que a retaliação iraniana aos ataques no final de semana não visava diretamente a infraestrutura de petróleo, diminuindo o temor de uma disrupção severa e sustentada no fluxo global de energia

O S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,96%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA recuava a 4,3397% no final da tarde, de 4,375% na última sexta-feira.

Zogbi também chamou a atenção para declarações da vice-presidente de supervisão do Federal Reserve, Michelle Bowman, de que o momento de cortar os juros pode estar se aproximando rapidamente.

A reação dos mercados às declarações, avaliou a estrategista, demonstram como as expectativas de política monetária podem preponderar sobre as preocupações geopolíticas quando o risco de uma disrupção econômica direta diminui.

No Brasil, o pregão também continuou refletindo ajustes à decisão do Banco Central de elevar a Selic a 15% na semana passada, bem como sinalização de que a taxa não deve mudar por um período bastante prolongado. Na terça-feira, o BC divulga a ata da reunião, que pode dar mais detalhes.

A pesquisa Focus, conduzida pelo BC, mostrou nesta segunda-feira ajuste na projeção de economistas para a Selic no final de 2025 -- de 14,75% para 15%. Para 2026, a previsão -- mantida pela 21ª semana -- é de que alcance 12,50% no final do ano.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN recuou 2,5%, com as atenções voltadas para a situação no Oriente Médio e potencial reflexo nos preços do petróleo no mercado global. A ação chegou a subir mais cedo, mas mudou de sinal, acompanhando o movimento da commodity no exterior. No setor, PRIO ON caiu 0,71%, tendo ainda no radar estimativa de produção no ano que vem.

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,22%, em dia negativo para o setor, com BRADESCO PN perdendo 0,78%, SANTANDER BRASIL UNIT cedendo 1,19% e BANCO DO BRASIL ON recuando 1,22%. Analistas do Goldman Sachs cortaram o preço-alvo das ações do BB de R$25 para R$23 e reiteraram recomendação neutra para os papéis.

- VAMOS LOCAÇÃO ON fechou em queda de 4,24%, ainda sob efeito do cenário de Selic mais elevada no Brasil, que colocou também outros papéis sensíveis a juros na ponta negativa.

- COSAN ON recuou 4,67%, reflexo de preocupações sobre o efeito dos juros na sua dívida, entre outros fatores, com RAÍZEN PN, joint venture da companhia com a Shell, caindo 4,07%. O dia também incluiu notícias envolvendo o fornecimento de combustível pela Raízen para a Azul e previsão de discussão sobre mistura de biodiesel e etanol anidro.

- MARFRIG ON avançou 4,46% e BRF ON subiu 4,67%, com as assembleias de acionistas para aprovar a fusão das companhias marcadas para 14 de julho. Originalmente, as assembleias estavam previstas para 18 de junho, mas foram adiadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) após pedido de mais informações sobre a transação.

- VALE ON fechou em alta de 1,26%, atenuando a pressão de baixa, tendo como pano de fundo o avanço dos futuros de minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com acréscimo de 0,5%, a 706 iuanes (US$98,25) a tonelada.

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