Topo

Ex-diretor da OMC: Trump se coloca como 'bem-sucedido' com fim da guerra

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/06/2025 21h22

O presidente dos EUA, Donald Trump, quer passar a mensagem de que foi "bem-sucedido" com o fim da guerra entre Israel e Irã. A avaliação foi feita pelo diplomata brasileiro e ex-diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo, em entrevista ao Poder e Mercado, do Canal UOL.

Se você olhar as declarações que vieram depois do ataque [contra as instalações nucleares do Irã], o Trump dizia que "foi êxito absoluto, que tudo tinha se destruído, tinha sido aniquilado." Agora se o Trump disser: "não foi atingido o objetivo", fica subentendido que há possibilidade de novos ataques.

Eu acho que politicamente não é a mensagem que ele quer dar. Ele quer dar a mensagem de que: "fomos bem-sucedidos, agora vamos parar, não temos mais o que fazer, está tudo feito, o objetivo foi atingido, agora vamos conversar, vamos ver onde nós chegamos." Eu acho que aí tem um pouco de narrativa que não necessariamente vai bater exatamente com a realidade no terreno.
Roberto Azevêdo, ex-diretor da OMC

Guerra tarifária EUA x China

Durante a entrevista ao Poder e Mercado, o ex-diretor da OMC analisou também a guerra tarifária entre China e Estados Unidos. Roberto Azevêdo afirmou que sabia que os Estados Unidos "iam dar para trás" em relação às tarifas.

Quando o Trump anunciou aquelas tarifas elevadíssimas contra a China [...] eu pensei, isso é um tremendo tiro no pé, não vai funcionar, não vai funcionar porque as próprias empresas americanas vão bater na porta da Casa Branca e dizer: "Olha, não dá, isso aí não vai funcionar", sem falar das pressões inflacionárias que viriam de uma maneira, assim, avassaladora.

Então, a minha dúvida era como os Estados Unidos iam fazer para dar para trás, porque claramente eles tinham que dar para trás. Eu não sabia como e estava muito curioso em ver e li as declarações.

E a China jogou essa carta com maestria. A China se fechou e disse: "É assim? Então tudo bem, vamos deixar". Com muita dor interna porque claramente fábricas chinesas estavam fechando, estava havendo desemprego, mas a percepção chinesa era de que a dor que eles estavam sentindo os Estados Unidos sentiriam também e até mais.

E eles, eu acho, na China sentem que eles têm mais disciplina, têm um regime que permitem tolerar essa dor com mais facilidade do que os Estados Unidos. Uma democracia com muito mais transparência. Então quando houve a retomada das negociações, aquele encontro de Genebra, a suspensão, tudo isso era o que eu imaginava que fosse acontecer. Eu só não sabia o processo, como que se chegaria a isso.

Eu continuo achando que retomar aqueles níveis e voltar lá para cima de uma maneira assim tão cabalística eu acho muito difícil acontecer, acho que vai se encontrar alguma maneira de prorrogar a negociação ou de fazer um entendimento parcial e anunciar: 'Olha fizemos isso aqui. Isso aqui permite que nós continuemos conversando.'

Alguma coisa assim porque o impacto econômico dessas tarifas como inicialmente anunciado lá atrás é insuportável para os Estados Unidos e eu imagino que para China também.
Roberto Azevêdo, ex-diretor da OMC

Assista ao comentário:

O Poder e Mercado é exibido terças e quintas, às 20h, com apresentação de Raquel Landim e comentários de Mariana Barbosa e Graciliano Rocha. O programa de política e economia chega para conectar os grandes temas do Congresso Nacional a seus impactos no mercado financeiro e no dia a dia das pessoas.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

Veja a íntegra do programa:


OSZAR »