Fisiculturista é condenado a 20 anos por matar esposa espancada em Goiás

O fisiculturista Igor Porto Galvão foi condenado a 20 anos de prisão pela morte da esposa, Marcela Luise de Souza Ferreira, em Goiás.
O que aconteceu
Júri popular reconheceu que Igor cometeu feminicídio qualificado. Ele cometeu o crime por motivo fútil, por meio cruel (espancamento) e impossibilitou a defesa da vítima, segundo a sentença do juiz Leonardo Fleury.
Pena foi aumentada porque ao assassinar Marcela, Igor deixou uma criança desamparada. O juiz acrescentou três anos à pena de Igor por reconhecer que a filha do casal ficou "desprovida de auxílio material e afeto maternal" após o crime.
Defesa vai recorrer à decisão. Ao UOL, o advogado Marcelo Celestino Soares afirmou que a sentença foi "contrária às provas" e disse que acredita na importância de reavaliação dos fatos "para que a justiça seja plenamente alcançada".
Relembre o caso
Igor levou Marcela ao hospital em Aparecida de Goiânia alegando que ela caiu da própria altura, informou a Polícia Civil. O socorro foi registrado em 10 de maio e a vítima chegou à unidade de saúde com a clavícula e oito costelas quebradas, além de traumatismo craniano e vários machucados. Ela passou 10 dias em coma antes de morrer.
Imagens de câmeras de segurança, cedidas pela Polícia Civil, mostram o momento em que Galvão chega ao hospital com Marcela. A mulher está desacordada e o suspeito pede ajuda para os funcionários. Ele e um enfermeiro tiram a vítima do carro, que está com os braços cobertos.
Lesões encontradas no corpo de Marcela eram incompatíveis com versão do fisiculturista. A delegada responsável pelo caso, Bruna Coelho, explicou que isso fez com que a polícia passasse a investigar o caso.
Galvão tem um histórico de violência doméstica contra uma ex-namorada e a atual companheira. Marcela registrou um boletim de ocorrência contra o fisiculturista em 2020 e conseguiu uma medida protetiva, mas a decisão foi suspensa porque o casal reatou o relacionamento.
Ao UOL, a mãe de Marcela disse que a mulher parou de sorrir e de compartilhar momentos com os amigos. Segundo a arquiteta Cida Freitas, 54, Igor também teria convencido a companheira a se mudar de Brasília para Goiânia, com o objetivo de afastar Marcela da família.
Nas redes sociais, ele se apresentava como nutricionista e coach fitness. O perfil dele, com mais de 12 mil seguidores, foi fechado após Marcela ter sido levada ao hospital.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.