Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, deixou o governo Lula em situação delicada ao impor uma dura derrota com a derrubada dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), analisou o colunista Josias de Souza na edição de hoje do UOL News.
Motta negou traição ao governo e criticou o discurso do Planalto de que seu objetivo é o de promover a justiça tributária. "Capitão que vê barco ir em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria de IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento", disse o presidente da Câmara.
Motta enxerga a realidade segundo a ótica que lhe interessa. Evidentemente, houve uma deslealdade. De fato, ele avisou que o IOF não passaria na Câmara, mas havia o entendimento de que haveria um prazo para colocar uma alternativa sobre a mesa, e que iria até agosto, após o recesso parlamentar.
Ele simplesmente mudou a rota da embarcação de forma a colocar o governo diante do iceberg. Isso nos faz lembrar uma frase de seu antecessor, Arthur Lira, na véspera de deixar a presidência da Câmara: 'Ninguém embarca em um navio se sabe que ele vai naufragar'. Foi a imagem que ele construiu para dizer que Lula não deveria confundir apoio congressual com o para eleição presidencial.
O centrão está tratando Lula como um Titanic mesmo e se comporta como uma espécie de navio que abandona os ratos. Sai do governo como se ele fosse a pior coisa do mundo e como se não houvesse representantes dos seus próprios partidos na Esplanada dos Ministérios. Desanca o governo Lula sem abandonar os ministérios. É muita hipocrisia. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias criticou a postura dos dois lados, mais preocupados com a disputa eleitoral de 2026 e que ignoram um problema grave nas contas do país a curto prazo.
Nesse jogo eleitoral, Lula agora adota o discurso dos 'ricos contra os pobres', apresentando o governo dele como defensor dos pobres e reforçando a imagem de que o Congresso cede ao lobby dos mais ricos. Esse discurso e a reação de Motta desconhecem a realidade eleitoral, que mostra haver um buraco nas contas públicas do Brasil.
As pessoas que têm responsabilidade na condução do país precisam fechar esse buraco. Se não for tapado, e não está sendo, as autoridades de Brasília negligenciarão o essencial, que é evitar um apagão orçamentário que já está contratado, em nome da disputa eleitoral e política.
Estamos assistindo a uma coreografia eleitoral sem que surja sobre a mesa algo que se pareça como solução. Josias de Souza, colunista do UOL
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