Até 3 dias a pé e R$ 667: como é a trilha onde brasileira caiu na Indonésia
A trilha no Parque Nacional do Monte Rinjani, onde a brasileira Juliana Marins caiu em um vulcão na semana passada, é descrita como "perigosa e traiçoeira", e leva até três dias para ser percorrida a pé.
Como é a trilha
Pacote para trilha no vulcão Rinjani sai por pelo menos 2 milhões de rupias indonésias (R$ 667 na atual cotação). O pacote inclui os equipamentos necessários para fazer o trajeto, além de alimentação e bebida.
Trilha pode ser percorrida em dois ou até três dias. O pacote comprado por Juliana é feito em três dias e duas noites porque é mais lento, segundo uma amiga da brasileira que está na Indonésia e aguarda seu resgate.
Turistas param em pontos específicos para descansar e fazer refeições. Não se sabe quantos guias atuam juntos durante a expedição.
Percurso até o fim da trilha é perigoso e traiçoeiro, segundo a brasileira Bruna Carneiro, que já realizou o trajeto. "É uma trilha bem difícil, mas eu não diria que é extremamente técnica. Tendo ali um preparo físico e fazendo atividades físicas, é uma trilha superpossível [de percorrer]", declarou em entrevista ao UOL News, do Canal UOL.
Carneiro disse ter feito a trilha em junho do ano passado e foram necessários três dias para alcançar o cume do vulcão. "Durante essa trilha você passa por centenas de pessoas de vários países. É uma trilha muito famosa e buscada na Indonésia. É até considerada montanhismo porque, de fato, você passa por precipícios, tem parte que vai precisar dar uma escaladinha".
Temperatura durante o trajeto varia bastante. Na parte do dia com a temperatura é predominantemente quente, mas na parte da noite os termômetros caem, sobretudo devido a ação dos ventos.
Buscas retomadas
A família de Juliana Marins disse que o resgate foi retomado às 6h de terça-feira (horário local; 20h de segunda-feira no horário de Brasília). A operação de resgate havia sido suspensa no terceiro dia, em razão do mau tempo.
Familiares publicaram nas redes sociais que uma furadeira foi posicionada. A ferramenta seria utilizada para subir a montanha e ser um "plano B" nas ações de resgate. A informação ainda não foi confirmada pelo Itamaraty.
A família também afirmou que o uso de um helicóptero para o resgate da brasileira é testado. Anteriormente, a administração do parque do Monte Rijani disse o governo local incentivou o uso do resgate aéreo, principalmente nas primeiras 72 horas após o incidente, mas indicou que era necessário um helicóptero específico, com um guincho que pudesse transportar pessoas e cargas para áreas de difícil acesso.
Além disso, a mudança brusca de tempo pode ser perigosa nesse tipo de resgate. É possível ver em vídeos divulgados nas redes sociais que a área onde a brasileira tem acúmulos de névoa repentinos, que torna a visibilidade do local baixa.
Não há informações sobre o estado de saúde de Juliana, que está sem água ou comida desde a última sexta-feira. Quando caiu na trilha, ela estava sem agasalho, vestindo somente calça jeans, camiseta, luvas e tênis. A mulher, que tem miopia, também estava sem óculos.
Entenda o caso
A publicitária Juliana Marins, 26, tropeçou e escorregou durante a trilha na noite de sexta-feira (20), segundo a família. Ela rolou da montanha e foi parar cerca de 300 metros abaixo do caminho da trilha, no vulcão Rinjani, na ilha de Lombok. Com isso, ficou debilitada e não conseguia se movimentar.
Três horas depois do acidente, um grupo de espanhóis encontrou a brasileira. A irmã dela, Mariana, vive em Niterói (RJ), disse ao UOL que as pessoas que passaram pelo local perguntaram o nome de Juliana e tentaram achar familiares e amigos dela pelas redes sociais.
Família acompanhou situação por fotos e vídeos enviados pelos espanhóis, na espera pelo resgate. Mariana diz que tudo se agravou com o aparecimento de uma neblina e umidade muito forte, que fez com que Juliana escorregasse ainda mais da pedra. A irmã chegou a dizer que seria um ''absurdo se ela morresse por falta de socorro''.
Juliana fazia um ''mochilão'' desde o final de fevereiro com uma agência de turismo. ''A empresa de turismo que a levou ficou mentindo o tempo todo, dizendo que o resgate tinha chegado, e não tinha chegado coisa nenhuma'', relatou a irmã.